No alto de um penhasco isolado, uma enorme marca "X" indica um local famoso mundialmente, que atrai turistas e câmaras dos quatro cantos do planeta.
Numa parada após cinco minutos de escalada que começa no vale abaixo, os visitantes saltam de um funicular e apontam suas lentes para um lugar com névoas onde um combate de morte entre dois homens ocorreu em 1891.
Depois de olhar com receio para o abismo abaixo, e tirar mais fotos da cascata que murmura acima, os turistas seguem e contornam uma rocha durante caminhada de 20 minutos, para ter uma visão de perto da ponte próxima ao lugar onde ocorreu o fatídico embate --as quedas de Reichenbach, na Suíça.
Ou, ao menos, onde a luta ocorreu segundo o escritor britânico sir Arthur Conan Doyle, criador do famoso Sherlock Holmes.
"Sem ele, nós seríamos apenas conhecidos pelo nosso cenário bonito", diz Nils Glatthard, um morador de Meiringen onde o grande detetive Sherlock Holmes passou antes de escalar (sem bondes) e se encontrar com seu arqui-inimigo professor Moriarty em uma trilha estreita que dá vista para as quedas d'águas.
HOTEL HOMENAGEIA DETETIVE
Há um inevitável hotel Sherlock Holmes, em uma quieta avenida à sombra de árvores; um clube noturno Sherlock adornado com uma genuína decoração e uma placa com o endereço "221 Baker Street", além de pôsteres com a imagem dele.
A livraria da cidade --na região central da Suíça e com 5 mil habitantes-- é bem estocada com edições em várias línguas estrangeiras, incluindo a japonesa, das 56 histórias e quatro romances nos quais Holmes é o protagonista com seu constante companheiro dr. Watson.
Mas algumas semanas atrás, o estabelecimento estava sem o livro "Memórias de Sherlock Holmes", que contém "Problema Final", escrito em 1893 e no qual o autor mata o detetive --somente para ser forçado pela opinião pública a ressuscitá-lo dez anos mais tarde.
"Há realmente uma demanda", diz um assistente jovem. "Mesmo moradores locais gostam de ler esses romances em inglês."
No centro da cidade de Meiringen, o culto a Sherlock se encontra na praça Conan Doyle, perto da estação de trem --na vida real, uma viagem feita pelo autor e sua esposa em 1893 forneceu a clara ideia de como e onde o escritor se livraria do herói, do qual estava cansado.
Na rua principal, nos limites da praça, uma figura de bronze do detetive com seu chapéu conhecido e seu casaco --pensado pelo ilustrador Sidney Piaget--, e fumando seu tão igualmente familiar cachimbo, senta em uma pedra plana em profunda meditação.
Atravessando a praça, está uma capela de tijolos e madeira, a "igreja inglesa", erguida no fim do século 19 quando a comunidade local era grande o suficiente para justificar um quase permanente religioso anglicano.
Já o Museu de Sherlock Holmes, em Meiringen, é foco de ocasionais peregrinações por membros do grupo que se dedica ao detetive, baseado em Londres, e por fãs de outros países.
Um retrato de Conan Doyle e uma enorme reprodução assinada por Piaget do clássico combate entre Holmes e Moriarty recepcionam os turistas nas escadas que levam a uma pequena galeria com salas cheias de memórias, manuscritos, fotografias e cartões-postais de época.
Atrás está a sala de estar, um lugar reconstituído a partir das escassas descrições do próprio Conan Doyle e das ilustrações de Piaget sobre o endereço "221b da Baker Street" onde Holmes viveu e seus casos foram frequentemente abertos enquanto sua empregada, senhorita Hudson, recebia o novo cliente.
Um violino Stradivarius --tocar era uma das favoritas formas do detetive para relaxar-- repousa em uma cadeira.
Quanto de Sherlock Holmes realmente perpetuou a cultura local em Meiringen, cerca de cem quilômetros a sudeste da capital suíça de Bern?
Christine Flueck, da vila Brienz, diz que ela tinha ouvido pouco sobre o detetive até se tornar uma guia turística de Meiringen.
Mas uma senhora de meia idade, que vende bilhetes para um dos funiculares de Reichenbach, expressa orgulho em seu trabalho. "É excitante quando pessoas de países como Brasil e Rússia vem aqui falando dele [Sherlock Holmes]", diz.
Fonte aqui.
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