Ciclovia vai atravessar vinte países ao longo da Cortina de Ferro


Regiões da Macedônia e Bulgária se unem para a construção de uma ciclovia turística ao longo da Cortina de Ferro. O percurso de bicicleta terá mais de 7 mil quilômetros.

A rota EuroVelo 13 fará com que o ciclista percorra 40 anos de história europeia
Representantes de quatro regiões da Macedônia e Bulgária – países adjacentes à chamada Cortina de Ferro – aprovaram o projeto de uma ciclovia turística e histórica. O percurso de 7 mil quilômetros vai cruzar 20 países que, há pouco mais de 20 anos, tinham como fronteira o símbolo da Guerra Fria.

O objetivo do projeto, que recebe o apoio da União Europeia, é criar a rota EuroVelo 13, em que o ciclista poderá percorrer 40 anos de história europeia.

Outras ciclovias históricas

Projetos semelhantes já existem na Alemanha. Um deles é a ciclovia ao longo de antigo Muro de Berlim, com uma extensão de 160km. Ao percorrê-la, é possível enxergar o cenário que persistiu de 13 de agosto de 1961 a 9 de novembro de 1989, enquanto o Muro de Berlim dividia a capital alemã.

Já a rota ao longo da fronteira que separava a Alemanha Ocidental da Oriental, com 1.378 km, vai de Travemünde, na costa do mar Báltico, até a fronteira entre Alemanha, República Tcheca e Áustria. O percurso inclui a “faixa da morte”, zona fronteiriça que, entre 1958 e 1989, continha torres de controle, muros e cercas para dividir o território das duas Alemanhas.

Longo caminho

Essa divisão geopolítica na época da Guerra Fria evidentemente não se restringia apenas à Alemanha. A Cortina de Ferro cortava a Europa a partir do mar de Barents, na fronteira entre Rússia e Noruega, até a costa búlgara do Mar Negro. Os sete mil quilômetros da Eurovelo 13 tornarão “visíveis 40 anos de história europeia”, disse o fundador do projeto, o parlamentar europeu Michael Cramer, do Partido Verde.

O Iron Courtain Trail, como o projeto é chamado, foi aprovado pela Comissão Europeia no verão de 2009 e aos poucos conquistou o apoio dos países envolvidos. Dos 20 em questão, 14 fazem parte da União Europeia. Por promover o turismo sustentável – sendo a bicicleta o meio de locomoção — e o desenvolvimento de diversas regiões com pouca concentração turística, a iniciativa recebeu o apoio comunitário e também de organizações de desenvolvimento, como a Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ).

“A Hungria apoia a construção da ciclovia, pois essa é uma boa oportunidade de desenvolver o turismo nas regiões mais distantes”, disse à Deutsche Welle Miklós Kovács, secretário de Estado de Turismo da Hungria. Segundo uma análise, o projeto tem potencial de promover aproximadamente 849 mil viagens anuais à região.

“Se a rota do Muro de Berlim levou dez anos até ser implementada, e a das duas Alemanhas 15 anos, esta deverá demorar uns 25 anos, mas chegaremos lá”, disse Cramer. Ele fez o percurso do Muro pela primeira vez 1989 e, como deputado da cidade-Estado de Berlim, viabilizou que o caminho fosse classificado como histórico e digno de conservação.

Posteriormente, decidiu-se fazer o mesmo com a fronteira entre as duas Alemanhas. Em 2007 surgiu então uma nova trilha através de um cinturão verde de vários quilômetros de largura, uma área que permaneceu intocada durante 40 anos e hoje abriga diversas reservas para preservação de flora e fauna. A ciclovia atravessa parques nacionais e cruza algumas vezes a antiga fronteira alemã-alemã, além de abranger muitos pontos de interesse histórico.

A longo prazo

Embora o projeto tenha despertado interesse, conquistando apoio de diversos organismos nacionais e regionais, ele deverá ser implementado a longo prazo.

“A realização depende da vontade política”, diz Cramer: "Se cada país construísse um quilômetro a menos de estradas a cada ano, o projeto estaria garantido". Ele imagina essa ciclovia como uma combinação de natureza e história ao longo da antiga fronteira, um percurso confortável para o turista, longe das estradas movimentadas. Para cumprir sua missão cultural e histórica, a trilha teria que cruzar diversas vezes a fronteira intransitável durante tantos anos e mostrar a maior quantidade possível de lugares históricos.

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